Liderança evangélica comenta megaoperação que já tem mais de 120 mortos
A cena das dezenas de corpos enfileirados na Praça São Lucas, na Estrada José Rucas, no Rio de Janeiro, chocou o Brasil e o mundo. O saldo até o momento do confronto contra o Comando Vermelho nos complexos do Alemão e da Penha é de 121 mortos, sendo 4 policiais e 117 suspeitos, segundo comunicado da Polícia Civil. Foto: Reprodução redes sociais
Cena de violência choca Brasil e mundo após operação contra Comando Vermelho. Líderes religiosos criticam impunidade e falta de política pública
A cena das dezenas de corpos enfileirados na Praça São Lucas, na Estrada José Rucas, no Rio de Janeiro, chocou o Brasil e o mundo nesta quarta-feira (29). O saldo até o momento do confronto contra o Comando Vermelho nos complexos do Alemão e da Penha é de 121 mortos, sendo 4 policiais e 117 suspeitos, segundo comunicado da Polícia Civil.
Esse é o resultado da mais letal operação da história do Rio. Para efeito de comparação, o número de mortes é maior que o da chacina do Carandiru, em 1992, em São Paulo, que registrou 111 óbitos. A ação contou 2,5 mil policiais civis e militares.
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De acordo com a Polícia Militar carioca, a estratégia usada na megaoperação foi o “Muro do Bope”, ou seja, os policiais avançaram pela área da Serra da Misericórdia, cercaram os criminosos e os empurram em direção à mata, onde as equipes do Batalhão de Operações Especiais já estavam posicionadas. Rapidamente fotos e vídeos invadiram as redes sociais e foram manchetes nos principais jornais do país e no exterior.

O jornal britânico The Guardian postou: “o pior dia de violência da história do Rio”. Já o Financial Times disse “mais letal da história da cidade”. O jornal americano The New York Times mencionou o governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro, em que disse que a operação foi contra “narcoterroristas”. O espanhol El País enfatizou que a violência foi grande até mesmo para uma cidade que já está “acostumada à violência”.
Mas e as lideranças religiosas, o que pensam a respeito disso tudo? Na opinião do presidente da Igreja Batista Atitude, pastor Josué Valandro Júnior, a violência no Rio é o reflexo de uma falta de política pública contra a violência do governo federal. “Nós temos 20 anos da esquerda à frente do país e a violência só aumenta. Temos a impunidade como objetivo maior de partidos de esquerda”, acredita.
O pastor também responsabiliza o Supremo Tribunal Federal pela atual situação nas comunidades cariocas. “O STF, por meio do ministro Fachin, proibiu a subida da polícia às comunidades durante quase cinco anos. O crime organizado se estruturou lá. Agora, quando o estado tenta botar ordem na casa, vai haver o quê? Retaliação por parte do bandido e infelizmente pessoas acabam morrendo”, opina Valandro Jr.
Pastor critica o prende e solta da justiça
Além disso, ele critica a forma como a justiça age e a desvalorização da polícia. “O camarada rouba, já foi preso cinco, seis, 17 vezes e ele, na audiência de custódia, simplesmente é liberado, e sai rindo do policial. Como teremos um estado sem violência onde as instituições não valorizam a polícia e não têm disciplina para quem comete o crime?”, questiona.
Pastor Valandro Jr. também alerta para quem “manda” na criminalidade, no caso, os chamados “poderosos” da elite brasileira. “Talvez os poderosos estejam em Brasília, nas assembleias legislativas. Tem que prender os poderosos também. Só que num país de convivência com o crime, não prenderemos poderoso nenhum”, lamenta o pastor, que completa:
“Nós precisamos punir rapidamente, com leis muito claras, o crime para que não aconteça essa violência toda. Os policiais ontem tiveram que atirar, infelizmente, foram recebidos com bombas. Foram 100 fuzis apreendidos em um único local. Quantos existem mais nesses lugares? Mil, 10 mil, 20 mil? É assustador. O Governo Federal não tem a menor intenção de resolver esse problema”, conclui.
Violência foge do propósito divino

O teólogo Lourenço Stelio Rega lembrou que a humanidade foi criada para viver em paz e harmonia e que tudo o que foge disso é um “distúrbio de nossa origem”. Disse ainda que a violência, seja qual a forma, “sempre traz consequências danosas para a vida, para a sociedade, para a história de cada pessoa envolvida”.
Rega alertou para a necessidade de políticas públicas adequadas para o trato da violência e do sistema carcerário que acabou “se tornando uma pós-graduação da criminalidade”. “A situação ocorrida no Rio de Janeiro, bem como em todo país, é uma ponta de um iceberg gigantesco que precisa de avaliação de sua base mais profunda que possui muitas facetas”, afirmou.
Por Cristiano Stefenoni – comunhão

