Líderes evangélicos que apoiaram Biden publicam comunicado se dizendo traídos

Apoio do presidente dos EUA ao aborto e à ideologia de gênero indignam evangélicos
Dezenas de líderes evangélicos de destaque nos Estados Unidos, que haviam publicamente apoiado Joe Biden para presidente do país ano passado, manifestaram agora, no inicio de março, sua decepção com o apoio dado ao democrata. A razão, segundo eles, é o fato de Biden ter autorizado o financiamento público do aborto no país. E além da manifestação desse grupo de líderes, a comunidade evangélica norte-americana se decepcionou mais recentemente também com a ordem executiva dos trangêneros de Biden, a chamada “Lei de Igualdade”, que permite que meninos que se identifiquem como mulheres participem de competições esportivas femininas, além de outras medidas para consagrar no país as políticas de ideologia de gênero em lei.
Em comunicado publicado em seu site oficial (AQUI), os “Evangélicos Pró-Vida por Biden”, como se denominam, disseram se sentir “usados e traídos”. No comunicado, eles afirmam ainda que “muitos evangélicos e católicos correram riscos ao apoiar Biden publicamente. O presidente Biden e os democratas precisam honrar essa coragem”. E prosseguem: “Apelamos ao presidente Biden para honrar seu compromisso conosco e exigir imediatamente que a Câmara dos Representantes aplique a Emenda Hyde ao Pacote de Alívio [contra a COVID-19]”. Os líderes evangélicos se referem ao fato de que o governo Biden declarou apoio oficial ao referido projeto de lei em relação à pandemia proposto pelos democratas e que revogaria a Emenda Hyde, que proíbe o financiamento federal do aborto.
Os “Evangélicos Pró-vida por Biden” declararam que “não é hora para uma mudança radical na política de aborto de longa data” e apelou aos democratas no Congresso que “exigissem a inclusão da Emenda Hyde”. Eles alertaram que se “isso não for feito, levantará a questão se ainda somos ou não bem-vindos no Partido Democrata”.
“Como líderes pró-vida na comunidade evangélica, apoiamos publicamente a candidatura do presidente Biden com o entendimento de que haveria engajamento [conosco] na questão do aborto e particularmente na Emenda Hyde”, explica a declaração. “A equipe Biden queria falar conosco durante a campanha para obter nosso apoio, e nós o demos com a condição de que houvesse um diálogo ativo e soluções de base comum sobre a questão do aborto. Não houve diálogo desde a campanha”.
Entre os signatários da carta estão Ronald Sider, o presidente emérito do Evangelicals for Social Action; John Huffman, presidente emérito do Conselho da revista Christianity Today; Richard J. Foster, célebre autor do best-seller Celebrando a Disciplina; Richard Mouw, o presidente emérito do Seminary Fuller; Jerushan Duford, palestrante e neta de Billy Graham; Samuel T. Logan, presidente emérito do Seminário Teológico de Westminster; Robert A. Fryling, ex-diretor da InterVarsity Press; Dennis P. Hollinger, presidente emérito do Seminário Teológico Gordon Conwell; Briant L. Myers, professor do Seminário Fuller; David Black, presidente da Eastern University; Ray Bakke, da Missão Urbana Global; Myron S. Augsburger, presidente da Eastern Mennonite University; Manfred Brauch, presidente emérito do Seminário Teológico Palmer; John M. Perkins, fundador da Associação de Desenvolvimento da Comunidade Cristã; e os pastores Joel C. Hunter (da mega-igreja Comunidade da Fé, na Flórida), Brenda Salter McNeil e Claude Alexander.
Em outubro de 2020, o grupo havia divulgado um comunicado instando os evangélicos pró-vida nos Estados Unidos a votarem em Biden, apesar das opiniões oficiais do Partido Democrata sobre o aborto. Inclusive, Ronald Sider, que é uma figura evangélica de longa data nos EUA, sendo conhecido como defensor de soluções bíblicas para as injustiças sociais e econômicas, chegou até mesmo a editar um livro, lançado no ano passado e chamado The Spiritual Danger of Donald Trump (“O Perigo Espiritual de Donald Trump”), no qual 30 cristãos evangélicos argumentavam porque se opunham ao governo Trump.
Tony Perkins, presidente da organização conservadora cristã de defesa da família denominada Conselho de Pesquisa da Família e apoiador de Trump, respondeu à declaração dos “Evangélicos Pró-Vida por Biden” afirmando que o grupo “não pode dizer que não foi avisado”.
Em comunicado publicado no dia 8 de março, Tony Perkins lembrou: “Todo mundo na América sabia qual a posição de Joe Biden sobre o aborto, porque ele disse. Em 13 debates e em vários anúncios de campanha, inclusive da Planned Parenthood [maior rede de aborto dos EUA]. Se os Evangélicos por Biden quiserem dizer que nunca viram esse projeto de lei do COVID e seu financiamento para o aborto chegando, então eles foram os únicos”. Em seu texto, Perkins citou o próprio Biden, que disse durante a campanha presidencial que, embora tenha apoiado a Emenda Hyde durante anos no Congresso, ele não poderia mais fazê-lo.
“Depois que comeram da fruta que a campanha de Biden estava oferecendo, o estrago estava feito. A equipe de Biden conseguiu o que queria em 2020: encobrir sua posição antibíblica e anti-religiosa sobre o aborto”, declarou Perkins, que arrematou, dizendo: “As pessoas que argumentaram que os evangélicos precisavam se afastar de Donald Trump, ficar de fora da eleição ou votar em Joe Biden são os responsáveis por isso – e de todas as outras políticas ímpias e malignas que fluem do Capitólio”.
Mais informações na próxima edição do jornal Mensageiro da Paz.