“Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Continua nestes deveres; porque, fazendo assim, salvarás tanto a ti mesmo como aos teus ouvintes”. 1Timóteo 4:16 AA.

O chamado para ser pastor não pode ser entendido como uma vocação para super-herói ou semideus.
É preciso atentar a essa questão para evitar a tal ‘sindrome de messias’

Segundo a psicóloga Dra Raquel Baldo, Sindrome de Messias é um estado psicológico no qual o indivíduo acredita ser ou estar destinado a vir a ser o salvador de algum campo de atuação específico, grupo, evento, período de tempo ou até mesmo do mundo inteiro.

Li um artigo no site guiame.com.br que um grupo de pastores foi surpreendido com uma pergunta: “Vocês estão dispostos a darem a vida pela Igreja de Cristo?

Alguns responderam que “sim”, apresentando, cada um, as suas justificativas.

Afinal, soa bem esta idéia de estarmos trabalhando arduamente por uma causa e por isso, todo sacrifício é válido para salvarmos as pessoas. Parece que o reconhecimento da igreja é maior para esse tipo de desprendimento, de líderes que desenvolvem um estilo pastoral mais “sacrificial”.

Porém, não foi isso que Jesus pediu aos seus pastores; e, é um sério erro de visão do ministério pastoral, que tem conduzido muitos líderes a desenvolverem a “Síndrome de Messias”. Uma expressão para significar a atitude de muitos líderes que se apresentam para o “sacrifício”, trabalhando incansavelmente, dias, noites e madrugadas, justificado pelo serviço ao Reino de Deus e bem estar do seu rebanho.

Alguns pastores estão, literalmente, morrendo pela igreja de Cristo, ou, em outra versão, estão matando seus ministérios.

Somente um pode entregar a sua vida pela Igreja e morrer por ela: “Jesus”. Ele já fez isso uma única vez e não pediu a ninguém mais para fazê-lo novamente.

O excesso de trabalho, a falta de cuidado com a saúde física, a ausência do lar, etc., tem sido confundido com a urgência do cuidado diligente da Igreja. Os pastores acabam vendo isso como condição normal do ministério, recebendo homenagens ao final da jornada, com destaques para seus “esforços além da conta ou sacrifícios sem medida”.

As consequências precisam ser avaliadas à luz de um histórico mais detalhado da vida do obreiro.

Qual tem sido o custo para o exercício do seu ministério? Comece perguntando sua esposa e filhos, que são as pessoas mais autorizadas a falar sobre o assunto.

A triste realidade é que esta entrega inconsequente, aceita como processo natural da vocação, está levando ao sacrifício não apenas eles, mas infelizmente, também suas famílias. Esposas em silêncio, compreensivas ao chamado ministerial de seus esposos, quando podem compartilhar e abrir seus corações, revelam suas dores, frustrações, uma solidão velada, depressão disfarçada em sorrisos forçados na porta da Igreja. Filhos sem pais não é característica apenas de uma sociedade perversa, sem Deus. Esta realidade invade também os lares cristãos, inclusive dos pastores. Estudos já demonstraram que há um grande número de filhos de pastores que, ao alcançarem a idade da independência, abandonaram a Igreja. Podemos encontrar uma série de justificativas para esta realidade, mas não há como esconder o desequilíbrio entre o excesso pastoral e a ausência paternal como uma das causas. Filhos precisam de pai, mais do que de pastor!

Se família é dádiva de Deus e o ministério pastoral é vocação e chamado do mesmo Deus, um não pode excluir o outro, e nem mesmo temos o direito de estabelecer uma hierarquia de valores entre família e ministério.

Nesta escala, na maioria das vezes, a família sai perdendo. É possível conciliar o trabalho pastoral com o bem-estar da família do pastor? Esta pergunta deve ser respondida com ações, mais do que com palavras, pelo bem dos nossos filhos e de nossas esposas, que precisam de maridos em casa, mais do que de pastores.

Estas ações não diminuem o trabalho pastoral, mas o qualifica; não o incrimina diante de Deus, mas o credencia ainda mais para o exercício da liderança sobre a Igreja de Cristo; não o diminui diante da comunidade cristã, mas gera respeito e credibilidade maior pela vida familiar exemplar.

Pastor é gente, pastor é humano, não é super herói. Ele tem falhas, limitações e necessidades como qualquer outra pessoa e não pode ser colocado em um pedestal. Isso é ignorância espiritual.

Reconheço que temos um alto preço a pagar para realizar um ministério pastoral efetivo e liderar a Igreja de Cristo com excelência.

Porém, não deve estar incluso neste preço a destruição ou desintegração da família. Se assim acontecer, falhamos! “Ele deve governar bem sua própria família, tendo os filhos sujeitos a ele, com toda a dignidade. Pois, se alguém não sabe governar sua própria família, como poderá cuidar da igreja de Deus?” (1Tm 3.4,5)

Pense a respeito e peça a orientação de Deus para o exercício de um ministério eficaz em todas as direções. E, se preciso for, mude sua mentalidade para não querer salvar ‘todos’ e se perder ao final da vida.

Pr. Rinaldo Costa Rodrigues
Uma Vida no Propósito de Deus

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *