Mendonça pede explicações para Mendes sobre “narcomilícia”

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André Mendonça Foto: Carlos Moura/SCO/STF

O ministro falou de uma ligação do crime organizado com igrejas evangélicas

Após o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), citar uma suposta “narcomilícia evangélica” atuante no Rio de Janeiro, o ministro André Mendonça pediu esclarecimentos. De acordo com o magistrado, o setor é o “maior interessado na apuração desses fatos”.

Em nota, Mendonça disse que a declaração de Gilmar Mendes é “grave, discriminatória e preconceituosa”, citando também que os evangélicos representam um terço da população e se dedicam “sistematicamente” para prevenir a entrada das pessoas do mundo do crime ou para retirá-las dele.

– Se isso ocorreu, trata-se de fala grave, discriminatória e preconceituosa, pois dirigida a uma comunidade religiosa em geral. De outra parte, posso afirmar, com muita segurança, que se há uma rede evangélica neste país, ela é composta por mais de 1/3 da população, a qual se dedica sistematicamente a prevenir a entrada ou retirar pessoas do mundo do crime, em especial aqueles relacionados ao tráfico e uso de drogas, que tanto sofrimento causam às famílias brasileiras – escreveu Mendonça.

Leia na íntegra:
A partir de relato trazido pelo Ministro Gilmar Mendes, foi noticiado pela imprensa que, em reunião havida no STF, um dos oradores presentes teria dito que havia uma “narco-milícia evangélica” que atuaria no Rio de Janeiro, e que “haveria um acordo entre narcotraficantes, milicianos e pertencentes a uma rede evangélica ou integradas a uma rede evangélica”.

Sobre o que teria sido dito na referida reunião técnica, importa-me trazer algumas considerações.

Primeiramente, registro que conversei com o Ministro Gilmar Mendes sobre o ocorrido. Na ocasião, sua Excelência reafirmou-me (i) seu respeito à comunidade evangélica, (ii) que de sua parte não houve qualquer intenção em constranger seus membros e (iii) que estaria à disposição da liderança da Igreja para conversar e esclarecer o assunto.

Em segundo lugar, importa anotar o grau de generalidade que teria sido dado pelo orador presente em referida reunião (“narco-milícia evangélica” ou “rede evangélica”). Se isso ocorreu, trata-se de fala grave, discriminatória e preconceituosa, pois dirigida a uma comunidade religiosa em geral. De outra parte, posso afirmar, com muita segurança, que se há uma rede evangélica nesse país, ela é composta por mais de 1/3 da população, a qual se dedica sistematicamente a prevenir a entrada ou retirar pessoas do mundo do crime, em especial aqueles relacionados ao tráfico e uso de drogas, que tanto sofrimento causam às famílias brasileiras. Além disso, consigno que a atuação dos evangélicos (assim como a de outras representações religiosas) nas comunidades e nas periferias deste país reconhecidamente está vinculada a obras sociais, mitigando a ausência do Estado e lacunas históricas do poder público em temas relacionados à educação, cultura e saúde, dentre outros.

Em terceiro lugar, se pessoas que se dizem ou se fazem passar por evangélicas estão envolvidas nesse tipo de conduta criminosa, afirmo, com total segurança, que o segmento evangélico é o maior interessado na apuração desses fatos. Assim, as pessoas e autoridades que têm conhecimento a respeito da prática dos referidos crimes devem dar o devido encaminhamento ao assunto. Espera-se, assim, que eventuais condutas ilícitas dessa natureta sejam objeto de responsabilização, independente da religião professada de forma hipócrita falsa e oportunista por quem quer que seja.

Leiliane Lopes – 13/03/2024 19h37 | atualizado em 13/03/2024 20h27-Pleno.News

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