MÚSICA EVANGÉLICA: VISÃO DE REINO OU NEGÓCIO?

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Rev. Celso de Medeiros

Há muito a música evangélica deixou de ser música de adoração para ser música de mercado. Seus principais representantes mudaram da categoria de adoradores para a de “artistas”, “celebridades”, “astros” ou “estrelas”

Li, há algum tempo, um texto na revista Veja, relacionado à música evangélica no Brasil que trazia o título: “Deus é pop”. De acordo com esse texto, a música evangélica, tempos atrás, era representada por “homens de terno alinhadinho e mulheres de saia comprida e cabelo preso, todos com a Bíblia debaixo do braço, cantando barulhentos hinos de louvor com vozes potentes, tão exageradas que até dão a impressão de que Deus é surdo e só atende às preces de quem grita”. Hoje, no entanto, de acordo com o texto, as coisas mudaram. Agora a música evangélica é gospel, e é representada por “astros” e “estrelas nacionais”, num guarda-sol que abriga “os mais variados gêneros: rock, samba, soul, hip-hop e até axé music”, alcançando grande reconhecimento.

Para alcançar tamanho “reconhecimento”, o texto destaca que algumas mudanças precisaram ser feitas. Mudaram-se as roupas, os ritmos e até a mensagem. Antes, Deus “parecia ser sempre o Deus implacável do Antigo Testamento”. Agora, nestes tempos de popularidade, “o Deus gospel ficou bem mais camarada”.

Há muito a música evangélica deixou de ser música de adoração para ser música de mercado. Seus principais representantes mudaram da categoria de adoradores para a de “artistas”, “celebridades”, “astros” ou “estrelas”. A música gospel agora é um grande negócio, e não há espaço para visão de Reino em um negócio. Visão de Reino pressupõe voluntariedade, abnegação; negócio requer lucro. Visão de Reino abrange absolutos inegociáveis em nome da fé; negócio exige relativizações em função dos ganhos. Visão de Reino tem princípios; negócio tem contratos. Visão de Reino cria servos; negócio inventa ídolos. Visão de Reino conclama culto a Deus; negócio agenda shows. Visão de Reino objetiva adoradores; negócio atrai clientes. Na visão de Reino crentes de verdade rendem seus talentos ao Senhor e testemunham com suas vidas o caráter de verdadeiros adoradores. Nos negócios a aliança é com Deus e com os homens.

Grande parte da música gospel está a serviço de uma indústria de entretenimento e não a serviço da visão de Reino. Ela não representa com tanta exatidão a fé cristã e está muito longe de ser uma expressão genuinamente evangélica; é mais uma expressão do pluralismo pós-moderno, um triste retrato de uma igreja sem identidade bíblica.

Artigo é de autoria do: Pr. Agnaldo Silva Mariano

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