Multidão vai às ruas em defesa da anistia no Dia da Independência do Brasil

0

Com bandeiras do Brasil, de Israel e dos Estados Unidos, em São Paulo, os manifestantes defenderam a liberdade de expressão e direcionaram críticas ao Judiciário - Foto: Reprodução/Redes Sociais

A mobilização nacional, convocada pelo pastor Silas Malafaia, reuniu milhares de pessoas pelo país em apoio ao ex-presidente Bolsonaro e em protesto contra o ministro Alexandre de Moraes

Milhares de pessoas participaram, neste domingo (7), feriado da Independência do Brasil, de uma mobilização nacional com o lema “Reaja, Brasil”, em favor da anistia para os envolvidos na invasão aos Três Poderes, em Brasília (DF), em 8 de janeiro de 2023, o que inclui o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A manifestação foi convocada pelo pastor Silas Malafaia, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo (ADVEC), com apoio de outras lideranças religiosas.

Com bandeiras do Brasil, de Israel e dos Estados Unidos, os manifestantes em várias cidades do país exibiram cartazes em defesa da liberdade de expressão e direcionaram críticas ao Judiciário. Embora impedido de participar por estar em prisão domiciliar em Brasília, Bolsonaro foi o centro dos discursos em todas as regiões.

– Publicidade –

Na próxima terça-feira (9), o Supremo Tribunal Federal (STF) retoma o julgamento que pode condenar Bolsonaro por golpe de Estado, organização criminosa armada, tentativa de abolição do estado democrático de direito, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra patrimônio da União, além de deterioração de patrimônio tombado. As penas somadas chegam a 43 anos de prisão.

Em São Paulo

Na Avenida Paulista, em São Paulo, manifestantes exibiram faixas pedindo que o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), coloque em votação o projeto de anistia e que o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), dê andamento ao pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes. Uma enorme bandeira dos Estados Unidos foi carregada pela multidão, em alusão ao apoio do presidente Donald Trump, que já classificou as acusações contra Jair Bolsonaro como “caça às bruxas” e incluiu Moraes na lista da Lei Magnitsky.

Multidão vai às ruas em defesa da anistia no Dia da Independência do Brasil
Uma enorme bandeira dos Estados Unidos foi carregada pelos participantes da mobilização na Avenida Paulista – Foto: Reprodução/ X @antonioccosta

Durante a mobilização, o pastor Silas Malafaia voltou a atacar o Supremo Tribunal Federal (STF), chamando o julgamento de Bolsonaro de “circo” e acusando Moraes de agir como “promotor e juiz ao mesmo tempo”. Ele criticou o inquérito das fake news, iniciado em 2019, que considerou “imoral e ilegal” por não envolver o Ministério Público. “Nós temos brasileiros exilados por expressarem opinião. Que democracia é essa?”, questionou

Malafaia também rebateu as acusações que enfrenta por obstrução de Justiça. “Qual é o meu crime? Dar opinião, aconselhar, criticar?”, afirmou. O pastor disse ainda que, inicialmente, ele e Bolsonaro foram contra a ida do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) para os Estados Unidos, mas que, diante da “perseguição”, a medida foi necessária: “Se Eduardo estivesse aqui, já estaria preso”.

Além disso, Malafaia chamou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de “traidor da pátria”, citando falas do chefe do Executivo de 2016 e 2023. Ele encerrou comparando Alexandre de Moraes a Golias, personagem bíblico que desafiou os israelistas, sendo vencido por Davi: “O Deus Todo-Poderoso vai te derrotar no momento certo”.

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro também discursou em defesa da anistia aos presos do 8 de janeiro. Ela ressaltou a presença de representantes de diferentes religiões no ato e agradeceu parlamentares, governadores e prefeitos, destacando o apoio do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP).

Michelle citou o caso de Débora, cabeleireira condenada a 14 anos de prisão por pichar um monumento em Brasília. “As marcas foram apagadas do monumento, mas as marcas na vida dessa mulher e de sua família não serão.” Ela pediu mobilização feminina para as eleições de 2026, reforçando a importância da oração e da fé na política. “Nós decidimos uma eleição. Precisamos eleger homens e mulheres fortes que defendam a Constituição.”

Multidão vai às ruas em defesa da anistia no Dia da Independência do Brasil
A ex-primeira dama Michelle Bolsonaro destacou que sua família está sofrendo perseguição – Foto: Reprodução/Facebook

A ex-primeira-dama criticou o STF e mencionou que sua família sofre perseguição desde 2018. No encerramento, conduziu coros de “Anistia já” e pediu orações por Eduardo Bolsonaro, que está nos EUA. “Não houve golpe. O Brasil é democrático, o Brasil é de Jesus”, concluiu, sob aplausos, para, logo depois, orar com a multidão o Pai-Nosso.

O deputado federal Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), líder do partido na Câmara, reforçou o pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes. Ele acusou o magistrado de “violar direitos humanos” e de cometer crimes de forma reiterada. “Por mais que queira condenar o nosso eterno presidente Bolsonaro, esta é a voz da Paulista: ‘Fora, Moraes’.” O parlamentar revelou ainda que o Senado já conta com 41 assinaturas para abertura do processo de afastamento de Moraes, cabendo ao presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP), dar andamento do processo.

Também defensor da anistia de Bolsonaro, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) criticou o que chamou de “tirania” de Alexandre de Moraes, relator do processo contra o ex-presidente no STF. Interrompido por manifestantes que gritavam “fora, Moraes”, ele reagiu: “Talvez porque ninguém aguente mais o que está acontecendo nesse país”. Bolsonaro cumpre prisão domiciliar e está proibido de participar de eventos públicos, inclusive por vídeo, devido a medidas restritivas impostas anteriormente.

Multidão vai às ruas em defesa da anistia no Dia da Independência do Brasil
Milhares de pessoas estiveram na Avenida Paulista em prol da anistia – Foto: Reprodução/Redes Sociais

Tarcísio questionou a consistência das provas contra Bolsonaro e aliados no inquérito do 8 de janeiro e classificou como “mentirosa” a delação do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid. “Tentam criar uma narrativa de golpe de Estado. Não existe documento, não existe ordem. Como condenar alguém sem provas? Se estamos defendendo a anistia, ela tem que ser ampla.”

O governador de SP também incentivou os manifestantes a pressionarem a Câmara dos Deputados para votar o projeto de anistia. “Trazer a anistia para a pauta é trazer justiça. É resgatar o país”, concluiu.

No Rio de Janeiro

Na orla de Copacabana, na altura do posto 5, na Zona Sul do Rio de Janeiro (RJ), os manifestantes pediram anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023, classificados como tentativas golpistas pela Justiça. A abertura do ato foi marcada pela execução do Hino Nacional.

Multidão vai às ruas em defesa da anistia no Dia da Independência do Brasil
Multidão compareceu à praia de Copacabana, na zona sul carioca, para ato convocado por Malafaia – Foto: Reprodução/TV Globo

Durante a manifestação, foram ouvidos gritos de ordem contra o ministro Alexandre de Moraes, além de manifestações de apoio ao ex-presidente dos EUA, Donald Trump. Uma das faixas exibia a mensagem: “Golpe é eleição sem Bolsonaro. Anistia já”. O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (Republicanos), puxou coro com as frases “Bolsonaro inocentado” e “Não existe golpe”.

No ato carioca, houve a reprodução de um áudio da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, no qual ela afirmou que o marido é alvo de perseguição política. Na mensagem, Michelle disse que o ex-presidente “daria tudo” para estar presente na manifestação, mas que hoje está “humilhado e preso porque enfrentou o sistema por amor ao povo”.

Segundo ela, o objetivo de seus opositores seria “destruir Bolsonaro para declarar o fim do bolsonarismo”, mas, em suas palavras, “não conseguirão”. Michelle também acusou o Judiciário de impor abusos à família, citando o uso de tornozeleira eletrônica, a prisão domiciliar, invasões à residência e exposição da intimidade. Ela afirmou que essas situações têm sido denunciadas internacionalmente e acrescentou: “Isso não é contra a soberania, é para salvar o Brasil da ditadura que já estamos vivendo”.

Multidão vai às ruas em defesa da anistia no Dia da Independência do Brasil
Flávio Bolsonaro defendeu a candidatura de Bolsonaro para a eleição presidencial de 2026 – Foto: Reprodução

A ex-primeira-dama classificou ainda o julgamento no qual Bolsonaro é réu como uma “peça teatral de perseguição e ilegalidades”, comparando-o aos “julgamentos de Moscou”. Concluiu dizendo que, por estar impedido de se pronunciar, a família e os apoiadores falarão em nome do ex-presidente “até que a perseguição seja vencida”.

Vestindo camiseta com a imagem do pai e o ano de 2026, Flávio Bolsonaro encerrou a mobilização no Rio de Janeiro, defendendo a candidatura do ex-presidente Bolsonaro: “Não existe anistia criminal sem anistia eleitoral”, disse, antes de puxar o coro “Fora, Moraes”. Bolsonaro segue inelegível até 2030, por decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que o condenou por abuso de poder político nas eleições de 2022.

Em Brasília

Em Brasília, no estacionamento da Funarte, os apoiadores de Bolsonaro entoaram gritos contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e pediram o impeachment do ministro Alexandre de Moraes. Bonés, camisetas, bandeiras e cartazes reforçaram as críticas, alguns deles fazendo referência à Lei Magnitsky, utilizada pelos Estados Unidos para impor sanções a Moraes. O evento reuniu parlamentares da direita e lideranças conservadoras em defesa da anistia a Bolsonaro e em protesto contra o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Em diferentes momentos, a locutora Cíntia Aquino convocou os manifestantes a gritar: “América, por favor, salve o Brasil”, em apelo ao presidente norte-americano Donald Trump. Os pedidos por anistia e pela participação de Jair Bolsonaro nas eleições de 2026 foram recorrentes. A oposição busca articular um projeto que permita o perdão das condenações contra o ex-presidente e aliados.

A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) discursou, conclamando apoiadores de Jair Bolsonaro a manterem a mobilização contra o governo Lula. Em tom otimista, destacou o fortalecimento da direita no Congresso nos últimos meses.

“Quero que vocês mantenham a esperança acesa, porque falta muito pouco. Há um ano não tínhamos a Magnitsky, nem três comissões do Senado e a vice-presidência da Casa. Não tínhamos a presidência e a relatoria da CPMI do INSS, nem a mini CPI dos Correios. Hoje o povo voltou às ruas com coragem. Estamos voltando, falta pouco”, afirmou.

Multidão vai às ruas em defesa da anistia no Dia da Independência do Brasil
A senadora Damares Alves destacou o fortalecimento da direita no Congresso Nacional nos últimos meses – Foto: Reprodução

A parlamentar também mencionou a entrega de provas por Eduardo Tagliaferro, ex-assessor do ministro Alexandre de Moraes, e o apoio do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, como fatores que fortalecem a oposição no Brasil. “O jogo mudou, acreditem. As verdades estão sendo reveladas. É apenas uma questão de tempo”, disse.

Ao encerrar sua participação, Damares pediu que os manifestantes se unissem em oração pelo futuro do país: “O Brasil é nosso, o Brasil é democrático, o Brasil é de Jesus. O recado é: volta, Bolsonaro”.

Ao discursar, o deputado Mário Frias (PL-SP) afirmou: “Nós não temos medo de vocês. A vontade de um povo, de uma democracia se representa em uma eleição, e eleição sem Bolsonaro é golpe. Não vamos arregar para vocês”.

Em Brasília, a mensagem da ex-primeira dama Michelle Bolsonaro com fortes críticas aos opositores do ex-presidente também foi transmitida, assim como no Rio de Janeiro e em outras cidades do país.

Em Belo Horizonte

Em Belo Horizonte, os apoiadores de Bolsonaro se reuniram na Praça da Liberdade. O destaque da manifestação foi o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), que atacou os senadores Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG), chamando-os de “covardes” por supostamente protegerem o ministro do STF Alexandre de Moraes.

Nikolas condenou as declarações de Alcolumbre, que teria afirmado que não pautaria o pedido de impeachment de Moraes mesmo com apoio da maioria dos senadores. “O Senado tem uma figura que, se não pautar o impeachment de Moraes, vai entrar para o rol dos maiores covardes que o Brasil já teve.”

Multidão vai às ruas em defesa da anistia no Dia da Independência do Brasil
Nikolas Ferreira atacou os senadores Davi Alcolumbre e Rodrigo Pacheco, chamando-os de “covardes” – Foto: Reprodução

O parlamentar também criticou Rodrigo Pacheco, associando-o ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e à disputa pelo governo de Minas em 2026. “Infelizmente, nesse rol, o primeiro é Rodrigo Pacheco, que agora está colado no Lula nos chamando de extremistas por pedir anistia. Nós não somos extremistas, você que é um canalha”, salientou.

Apesar das críticas a Pacheco, Nikolas concentrou o discurso em Alcolumbre, reforçando que fará campanha contra o senador em 2026 caso ele mantenha sua posição. “Ele disse que, mesmo se os 81 senadores assinassem o impeachment de Moraes, não pautaria. Isso é dizer que o voto de vocês não vale nada. Davi Alcolumbre, quem manda nesse país é o povo”, finalizou.

Em Vitória

Com pedidos de anistia e bandeiras dos Estados Unidos, manifestantes bolsonaristas começaram a se concentrar em Vila Velha (ES), no início da tarde deste 7 de setembro, liderados pelo senador Magno Malta (PL-ES). Eles também exigiam o impeachment do ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal que está sendo julgada pela Primeira Turma da Suprema Corte.

Os participantes começaram a subir a Terceira Ponte, em Vila Velha, por volta das 14h, rumo à Praça do Papa, em Vitória, capital capixaba, onde o ato foi finalizado. O senador Magno Malta fez duras críticas ao ministro Alexandre de Moraes. Em tom inflamado, acusou o magistrado de ser “o maior violador de direitos humanos no Brasil e no mundo” e disse que o país vive uma crise profunda.

Multidão vai às ruas em defesa da anistia no Dia da Independência do Brasil
No Espírito Santo, os manifestantes atravessaram a Terceira Ponte, saindo de Vila Velha rumo à capital capixaba – Foto: Reprodução/Redes Sociais

Segundo Malta, o governo atual estaria alinhado ao que chamou de “eixo do mal”, citando a aproximação com o Irã, país que, segundo ele, “tem como objetivo destruir Israel e os cristãos”. O parlamentar também atacou a condução da economia, afirmando que o Brasil está em “derrocada”, com fechamento de lojas, desemprego e fome.

De forma irônica, ele mencionou programas sociais anunciados pelo governo: “Agora tem um programa novo: cada brasileiro vai ganhar um bujão. Eu não sei se a intenção é para que você se exploda”, declarou. Malta também relacionou sanções internacionais impostas ao país a supostas violações de direitos humanos, reforçando críticas à gestão e ao STF. Em coro com os manifestantes, pediu que repetissem: “Alexandre, você é o maior violador de direitos humanos no Brasil e no mundo”.

Em outras cidades

Em São Luís, no Maranhão, os manifestantes fizeram uma motociata e uma carreata. Com bandeiras do Brasil, de Israel e dos Estados Unidos, pediram anistia para o ex-presidente e para envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.

Em Uberlândia (MG), os participantes da mobilização exibiram cartazes com críticas ao presidente Lula e ao ministro Moraes. Já em Juiz de Fora (MG), na antiga Praça do Riachuelo, o grupo também pediu anistia para os condenados pelos atos de 8 de janeiro.

Na capital alagoana, Maceió, os manifestantes seguravam cartazes pedindo “Anistia Já”, “Fora Moraes” e “Fora Lula”. Depois da concentração no Corredor Vera Arruda, o grupo seguiu um trio elétrico pela orla de Jatiúca em direção à Ponta Verde.

Em Goiânia, o “Reaja, Goiânia” se concentrou na Praça do Sol e foi organizado por parlamentares do Partido Liberal (PL). Os participantes vestidos de verde e amarelo foram às ruas com placas e pedidos de “fora Lula”, “anistia já”, “respeito à constituição” e “por Deus, pátria e família”.

Em discurso o deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO) enfatizou que, após a saída do PP e do União Brasil da base do governo Lula, já há votos suficientes para a aprovação do projeto de anistia na Câmara. “Depois de muita articulação, conseguimos mais de 300 votos pela anistia”, observou. “Eles estão desesperados porque sabem que a anistia vai passar. E a anistia não é para um ou para outro, não. Nos só vamos aceitar a anistia total, ampla e irrestrita.”

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *